terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Cruzeiro (1966-1976): dez anos de ouro


O Cruzeiro Esporte Clube também surgiu como Palestra Itália, na cidade de Belo Horizonte (1921), seguindo a tradição de clubes fundados pela colônia italiana, assim como o Palmeiras. Em 1942, sob pressões políticas impostas pelo governo federal, todos os times que faziam referência à Itália foram "convidados" a trocar de nome. Dessa forma, o palestra mineiro adotou como símbolo a constelação do Cruzeiro do Sul e o uniforme azul e branco. O campeão brasileiro de 2013 teve grandes equipes, como a campeã de 2003 que marcou 100 pontos no primeiro Brasileirão disputado no sistema de pontos corridos, consagrando o meia Alex e o técnico Luxemburgo. Em 1976, o talentoso time campeão da Libertadores, derrotou o River Plate (ARG) na melhor de 3 partidas: no Mineirão, vitória por 4 a 1; no Monumental de Nuñez, derrota por 2 a 1; no Estádio Nacional de Santiago, vitória por 3 a 2. No mesmo ano, foi vicecampeão da Copa Intercontinental contra o Bayern de Munique, que tinha a base da Alemanha campeã mundial de 1974, com Beckenbauer, Müller e o lendário goleiro Maier. O Cruzeiro foi pentacampeão mineiro (de 1965 a 1969) se destacando no futebol brasileiro em 1966, quando a jovem equipe mineira derrotou o incrível Santos de Pelé (bicampeão mundial), na final da Taça Brasil. Reconhecido pela CBF como campeão nacional, as imagens em P&B desse jogo, mostram que o Cruzeiro de Tostão, Dirceu Lopes, Piazza e Raul Plasmann, não tomou conhecimento do Santos, quase imbatível nos anos 60. Na partida do Mineirão, o Cuzeiro bateu o Santos por inimagináveis 6 a 2; em São Paulo, outra vitória (de virada) por 3 a 2. Tostão foi o primeiro jogador mineiro a disputar uma Copa (1966), na qual o Brasil bicampeão, foi eliminado na fase de grupos do Mundial da Inglaterra. Quatro anos depois, no México, conquistou o tricampeonato com a Seleção Brasileira que jogava com "meias atacantes" (ou a melhor seleção de todos os tempos), ao lado de Gérson, Pelé, Rivellino e Jairzinho.

Futebol de Botão Cristal (Gulliver, 2012): caixa de plástico para botões mais leves
O Cruzeiro foi duas vezes vice-campeão brasileiro nos anos 70: em 1974 contra o Vasco; em 1975 contra o Internacional. Na sequencia, foi o rival Atlético que chegou às finais do Brasileirão: em 1976 perdeu a semi-final para o Internacional; em 1977, perdeu a final para o São Paulo. Na época, jogava minhas primeiras partidas de futebol de botão, mas não tinha o time do Cruzeiro. Na verdade, lembro de jogar com um botão azul da Gulliver Cristal - emprestado pelo amigo inseparável Zé Augusto - que tinha mais ou menos o dobro da minha coleção. Como já postei o Atlético-MG dessa época (também da Gulliver), é provável que eu tenha gostado mais do galo, de Cerezo e Reinaldo, ao invés da raposa de Nelinho e Palhinha, que era o time de botão do Zé. Até o que sei, joguei e colecionei futebol de botão até 1983, mas só recentemente, comprei o Cruzeiro da mesma série Gulliver Cristal. Comparados com o modelo anos '70, os botões azuis são menos robustos, embalados em caixa transparente, com adesivos de escudos e trave grande (13,2cm x 5,3cm). O jogo atual vem com goleiro "de brinquedo", mas fica a dica: dá pra fazer um bom goleiro nas medidas 8,0cm x 3,6cm a partir de uma caixa de caldo de legumes, recortando-a neste tamanho. Logo mais, vou postar o passo a passo desse goleiro de caixinha. A marca de brinquedos Gulliver manteve o futebol de botão dos clubes brasileiros com distintivos, mas deixou as seleções da Copa com aquelas bandeirinhas de países...que chato! 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Botão enigmático da Estrela: Palmeiras ou Palestra?

PALMEIRAS é o atual bicampeão brasileiro da Série B, título pouco lembrado pela fatalidade do rebaixamento (2002/2012), que supera qualquer campanha vencedora fora da elite do futebol brasileiro. Com 8 títulos nacionais - somados as duas conquistas da Taça Brasil (1960/1967), duas do "Robertão" (1967/1969) e o tetracampeonato do Brasileirão (pós-1971) em 1972/1973/1993/1994 - o Palmeiras é o maior campeão brasileiro, ao lado do Santos FC. O segundo retorno à Série A se fez mais do que necessário, pois em 2014 o Palmeiras completará o seu centenário. De 1914, o clube fundado por imigrantes italianos era chamado de "Palestra Itália" (assim como o Cruzeiro-MG) até 1942, época da Segunda Guerra Mundial, onde o governo de Getúlio Vargas proibiu qualquer legenda em referência aos países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão). O vermelho que remetia à bandeira da Itália foi excluído do escudo institucional, substituído pelo verde e amarelo e a inscrição "Palestra de São Paulo". No mesmo ano, após muitas pressões políticas, o clube ganhou o nome de Sociedade Esportiva Palmeiras. Ao longo da história, o Palmeiras teve nove mudanças no desenho de seu escudo de camisa, sempre destacando a letra P. A Cruz de Savóia, símbolo da família real italiana (no século 19) foi adotada em 1915; as iniciais P e I entrelaçadas predominaram a partir de 1917, primeiro sendo inseridas em triangulo verde; depois sobre círculo branco (1919); até 1941 com o círculo verde alternando as cores das letras em branco e vermelho. Em 1942, com a mudança do nome para Palmeiras, optou-se apenas pela letra P inscrita em circulo verde, escudo que marcou o uniforme campeão da Taça Rio - 1951 (torneio interclubes não reconhecido pela FIFA). Em 1959 o alviverde fez a última alteração unificando os escudos: a palavra Palmeiras ladeada por 8 estrelas inscritas em círculo verde, contendo um círculo menor com o brasão da letra P. Este escudo foi reestilizado em 1977, permanecendo nas diversas versões do uniforme ocorridas nas últimas décadas.

Na minha coleção de futebol de botão, tenho um time do Palmeiras, da marca Estrela, botão verde escuro, modelo panelinha, um verdadeiro clássico do botonismo dos anos 1970. A questão (pauta desta postagem) é que o escudo impresso nos adesivos não faz referência direta a nenhum distintivo do Palmeiras, historicamente acima relatados. Os botões da Estrela produzidos até 1979, ficaram conhecidos por estampar fotos dos jogadores de cada time (adesivos das "carinhas") e, na última fase, manteve apenas os escudos dos grandes times. Neste botão, o desenho do distintivo é uma redução gráfica do escudo, com a tradicional letra P (em branco) sobre brasão de fundo verde claro e contorno preto. No atual escudo do verdão, o tal brasão com a letra P aparece em fundo de listras horizontais verdes. Portanto, não fica claro se a intenção da Estrela era estilizar o símbolo palmeirense ou se fazia referência a um possível "escudo perdido" da era Palestra. Não faz sentido a marca de brinquedos ter alterado o símbolo apenas no caso do Palmeiras, pois os outros botões da série "Times da Pesada", vinham com os distintivos oficiais, por exemplo, São Paulo, Fluminense, Flamengo e o Botafogo-RJ. Na época, o Palmeiras estava em grande fase e havia a concorrência de outra marcas, como a Gulliver (que usava o escudo alviverde atual) e a Canindé. Pode ter ocorrido "uma estratégia de marketing", para driblar uma disputa sobre o produto licenciado, ou ainda menos provável, uma troca grotesca do escudo, que "deu certo". Fiz uma rápida pesquisa de imagens na internet com as palavras-chave Palmeiras escudo, de resultados próximos ao campo da busca (escudos históricos do Palmeiras, Palestra Itália, etc), até chegar num escudo similar ao usado pela fabricante Estrela. O curioso é que tal escudo pertenceu à um time catarinense, o Palmeiras Esporte Clube (1944-1980), atualmente denominado Blumenau Esporte Clube, com vários títulos estaduais incluindo um vice da primeira divisão (1988)."...é estranho", diria o velho Lobo.


Time de botão da Estrela: Palmeiras na minha coleção há mais de 30 anos

Palmeirense desde a infância, tive outros botões do verdão que mais tarde foram customizados em outros times, como Coritiba e Goiás, dificeis de encontrar nas coleções originais. Ficaram perdidos no espaço da minha coleção, os saudosos botões da Estrela (do início dos anos 70) com as "carinhas" dos jogadores. Tinha jogo de botão dos quatro grandes paulistas: Santos, São Paulo, Corinthians e o Palmeiras bicampeão brasileiro (1972/73) de Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo, Zeca e Dudu; Ademir da Guia, Leivinha, Edú, Cézar e Nei. Caros leitores, ficamos com o enigma do distintivo lançado pela marca Estrela nos anos 1970, de uma sutil mensagem subliminar do Palestra Itália (oito vezes campeão paulista) ao possível "erro da gráfica", no antigo (e irônico) jargão do jornalismo. #soquenaum.
Leia mais sobre a restauração dos adesivos do Palmeiras na "série vintage"

Campanha publicitária para o futebol de botão
da marca Estrela: Palmeiras com distintivo alterado 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Portugal e a última partida para o Brasil-14


Os "navegadores" - assim é chamada a Seleção Portuguesa de Futebol -  mudaram a rota da viagem para o "Descobrimento do Brasil-2014". Depois de ficar em 2º lugar nas Eliminatórias Européias, no grupo que classificou a Rússia, para chegar à Copa precisa superar a Suécia na repescagem. Além do equilibrado confronto Portugal x Suécia, mais seis seleções européias estão nos play-offs: Ucrânia x França, Islândia x Croácia e Grécia x Romênia. Mas o "jogo da morte" é mesmo Portugal x Suécia, porque nos 180 minutos estarão dois craques entre os melhores jogadores europeus - somente um deles virá ao Brasil. Pela Suécia, Ibrahimovic (PSG) de gols arrebatadores; por Portugal, Cristiano Ronaldo (Real Madrid), melhor do mundo pela FIFA-2008, talento em dribles e golaços. Ronaldo poderá ser o maior artilheiro português, superando Pauleta (47 gols). Eusébio (41 gols) foi o goleador da Copa de 1966, marcando 9 vezes na edição inglesa. O atacante moçambicano jogou 64 partidas por Portugal (1961-1973) e 15 anos pelo Benfica, marcando 638 gols.
Eusébio e a camisa de Portugal
(foto: "El Gráfico"/1972)
Portugal tem apenas cinco participações em Copas, fazendo sua estréia em 1966, na Inglaterra, onde terminou em 3º lugar, em campanha avassaladora comandada pelo craque Eusébio, o "pantera negra". Na primeira fase, Portugal caiu no grupo do bicampeão Brasil, com Hungria e Bulgária, classificando-se para as quartas-de-final com três vitórias (Portugal 3 x 1 Hungria; Portugal 3 x 0 Bulgária; Portugal 3 x 1 Brasil). No último jogo do Brasil na Copa de 1966, a Seleção enfrentaria Portugal, precisando vencer por 3 gols de diferença. Não aconteceu. Nem mesmo Pelé, jogando machucado e caçado pelos portugueses pode evitar a derrota. Visivelmente eliminada, a Seleção Brasileira sentiu a força do novo futebol europeu, adiando para o México'70 a conquista definitiva da Taça Jules Rimet. Nas quartas, em jogo espetacular, Portugal perdia por 3 a 0, mas venceu de virada a Coréia do Norte por 5 a 3, com 4 gols de Eusébio. Na semi-final perdeu por 2 a 1 para a Inglaterra e, na disputa pelo 3º lugar, venceria pelo mesmo placar a União Soviética do lendário goleiro Yashin. Depois de 20 anos, voltou à Copa do Mundo no México'86, sendo eliminados na primeira fase, repetindo tal campanha na Copa de 2002 (Coréia do Sul/Japão). Com a equipe vice-campeã da Eurocopa-2004 (Grécia 1 x 0 Portugal) que tinha Figo (recordista com 127 jogos), o técnico pentacampeão Luiz Felipe Scolari e a geração de C. Ronaldo, Portugal ressurge para o futebol mundial na Copa de 2006 (Alemanha). Passados 40 anos da "gloriosa" conquista de 1966 (o técnico era o brasileiro Otto Glória), os lusitanos chegariam em 4º lugar, depois de passar por Irã, Angola, México (fase de grupos), Holanda (oitavas) e Inglaterra (quartas). Na semi, perdeu para a França, de Zidane, (1 a 0) e na disputa do 3º lugar, foi derrotada pela anfitriã Alemanha (3 a 1) que não conseguiria disputar o tetra. Na última Copa-2010 (África do Sul), Portugal estava novamente no grupo do Brasil, com Costa do Marfim e a mesma Coréia do Norte (goleada de 7 a 0). Nas oitavas, foi derrotada pelo toque de bola da Espanha. Cristiano Ronaldo, na seleção portuguesa desde 2003, pode encerrar um ciclo classificando-se para "descobrir o Brasil", ou naufragar nos mares do Norte, pois a Suécia (com 12 participações em mundiais) define a classificação em casa, no segundo jogo da repescagem.
A ilustração dos escudos de futebol de botão está baseada no uniforme número 2 de Portugal. Camisa branca, calção verde, com tipologia que a Nike usou na Copa de 2010. Na escalação, um selecionado da geração de Cristiano Ronaldo, incluindo Deco, meia brasileiro que encerrou sua carreira no Fluminense. A marca Gulliver lançou um time de Portugal, com botões cor de vinho, na série "FIFA World Cup Germany-2006", com adesivos do tipo "bandeira do país", que empobrecem qualquer coleção. Na época, paguei centavos pelo meu exemplar que ainda está lacrado. Agora, arte pronta que será adesivada no inédito botão vinho, só falta o seleccionado luso não se qualificar no agregado contra a Suécia. Ai Jesus!

Futebol de botão "Bolão" da marca Gulliver: adesivos com as bandeiras dos países

Portugal da coleção "FIFA World Cup Germany 2006": lacrado e na cor vinho


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Atlético-PR: o "furacão" ainda sopra


O Clube Atlético Paranaense tornou-se conhecido como "furacão", depois de uma sensacional sequência de 11 vitórias seguidas no Campeonato Paranaense de 1949. Goleadas por mais de 4 gols, sendo o Britânia o primeiro a ser "varrido", segundo a manchete do jornal "Desportos Ilustrados" (O Furacão levou o Tigre de Roldão). O apelido continuou durante décadas, em outros esquadrões do Atlético, sendo o primeiro clube paranaense a participar de um campeonato nacional - Taça de Prata de 1959. Nos anos 70 não conquistou títulos até o bicampeonato paranaense, em 1982/83. Voltou a elite do futebol brasileiro derrotando o Coritiba, seu maior rival no Paraná, no título da Série B de 1995. O furacão obteve sua melhor fase entre 2000 e 2005, quando conquistou um tricampeonato paranaense (2000/01/02) e o título de campeão brasileiro da Série A (2001), derrotando o emergente São Caetano. Em 2004, foi vice-campeão brasileiro sob o regulamento de pontos corridos, classificando-se para Libertadores de 2005, onde também foi vice-campeão, perdendo para o São Paulo - final brasileira que se repetiu pela última vez no ano seguinte, com Internacional x São Paulo. Seu maior artilheiro é Sicupira (154 gols) que defendeu o Atlético de 1968 a 1976. O atacante Washington é o maior goleador de uma edição de Campeonatos Brasileiros, marcando 34 gols em 2004. De 1924, o rubro-negro surgiu da união de dois clubes: Internacional e América. Seu estádio está no mesmo local desde a sua fundação. Conhecido como Arena da Baixada, o "caldeirão" do Atlético foi reinaugurado em 1999 e passa por reconstrução para a Copa do Mundo de 2014. O recorde do "furacão de 49" somente foi batido após 59 anos, em 2008, quando o Atlético conseguiu 12 vitórias consecutivas. Em 2011, continuando a saga do descenso dos campeões brasileiros, o Atlético Paranaense terminou o Campeonato Brasileiro em 17º lugar, caindo para Série B. De volta à Série A-2013, os ventos do furacão encostam no G-4, liderados pelo veterano meia Paulo Baier, em fase de gols decisivos.

Desenhei os escudinhos do furacão com base nos últimos uniformes home, fornecidos pela marca esportiva Umbro, com camisa listrada rubro-negra e calcão preto. Pra ilustrar a arte, coloquei a logomarca retrô do antigo patrocinador (Philco), em letras caixa-alta. Na minha coleção de botão, ainda tenho o time customizado do Atlético-PR. De conservadíssimo botão vermelho, disco não-cavado da Gulliver (não lembro se originalmente era um São Paulo ou Flamengo), com escalação de jornal, numeração de calendário e nome do clube (cartões da Loteria Esportiva) em cima das faixas horizontais em vermelho e preto. Relíquia dos anos 80, época que fazíamos a arte pintada à mão e, só o goleiro de caixinha tinha distintivos impressos da "Gazeta Esportiva" ou da "Revista Placar". Diversão pura, sem arquivos jpeg ou vetoriais impressos à laser em casa!

Botão da Gulliver (modelo disco não-cavado) com arte rudimentar feita à mão
para o Atlético Paranaense, no início dos anos 80

sábado, 28 de setembro de 2013

São Bento, o verdadeiro Azulão


Com um recorde de 29 anos de permanência na elite do futebol paulista (1963-1992), entre os clubes do interior, o ESPORTE CLUBE SÃO BENTO ganhou como mascote um pássaro chamado Tira-prosa e o apelido de "azulão". Talvez pela sua tradicional camisa azul marinho ou por revelar craques nacionais que endureciam nas partidas contra os grandes times da capital. Seu centenário comemorado no último dia 14 de setembro de 2013, marcou a reabertura do antigo Estádio Umberto Reali, localizado no conhecido "bairro dos espanhóis" em Sorocaba. Palco de muitas vitórias e batalhas pelo Paulistão, o velho estádio agora será o futuro CT do Bentão, gramado que traz lembranças de jogaços contra times rivais do interior (Ponte Preta, XV de Piracicaba, América, Noroeste, Ferroviária) assim como os "clássicos" contra São Paulo, Corinthians, Santos, Portuguesa e Palmeiras, alguns relatados na primeira postagem do São Bento. Assisti alguns jogos ainda no Umberto Reali, mas foi no CIC - Estádio Walter Ribeiro, que batizei minha torcida sãobentista. Em 1978, após a inauguração chuvosa na derrota contra o São Paulo (2 a 0), passei a frequentar os jogos do Campeonato Paulista realizados à tarde, pois ainda não havia iluminação no gramado. Sempre em companhia dos amigos do ginásio (que jogavam muita bola e futebol de botão) lembro de jogos contra Juventus, Taubaté, XV de Jaú, Marília e uma goleada de 3 a 0 no Velo Clube (Rio Claro). E os grandes da capital jogavam no domingo: estádio lotado (quase 20 mil pessoas) com direito a arquibancada de visitantes e gente até o "barranco" da geral atrás do gol. Um dos últimos jogos que assisti no CIC foi São Bento x Corinthians na arquibancada inferior atrás do gol, e vi a bola que furou a rede entrando "por fora", no gol do Timão. Antes só ia ao estádio com meu tio corinthiano e meu pai. Uma vez, numa partida São Bento x Ponte Preta, rodada do meio de semana no velho campo da av. Nogueira Padilha, chegamos com o jogo em andamento. Arquibancadas lotadas, só foi possível acompanhar o jogo pelo alambrado. Baixinho, sem ver nada, somente escutava o barulho da torcida. Leonidas (meu pai), na época não era muito fã de futebol, mas até hoje, conta uma história de um jogo do São Bento, onde estávamos na arquibancada coberta quando uma garrafa (sim, de vidro!) passou raspando na minha cabeça. Lenda ou não, depois disso ficou mais difícil convencer "seu Léo" pra ir ao futebol.

Nos cem anos de futebol em Sorocaba, o São Bento teve vários rivais históricos, como a Associação Atlética Scarpa (na fase amadora) e o Estrada de Ferro Sorocabana Futebol Clube (no profissional a partir de 1953), nos quais tive a oportunidade de jogar nas categorias de base (de 1978 a 1982) - futebol de salão no Scarpa, e campo (lateral direito) no Estrada. O São Bento sagrou-se campeão paulista da Primeira Divisão, em 1962 (atual Série A-2), numa disputa em três jogos contra o América de São José do Rio Preto, subindo para a Divisão Especial (atual Série A-1). O jogo final foi disputado no Estádio do Pacaembu, com gol de Picolé (prorrogação), na vitória do Bentão por 2 a 1. Em 1963, o São Bento foi 4º colocado no Campeonato Paulista, na melhor campanha de sua história superando Corinthians e Portuguesa. O ponta-esquerda Paraná, revelado no clube, transferiu-se para o São Paulo em 1965 e foi a Copa do Mundo de 1966, com a Seleção Brasileira. Desde 1993 faz o dérbi sorocabano contra o Atlético Sorocaba, com vantagem para o Galo com 17 vitórias.
A arte dos escudos do São Bento foi uma das primeiras que desenhei em 2009, com referência a famosa camisa azul, apenas com o distintivo sobre a cor e a escalação baseada no grande time dos anos 1970. A outra versão é da camisa azul celeste, 1º uniforme da campanha do último acesso a série A-1 (2005) com a logomarca do patrocinador "Colaso" (fábrica de laticínios). Torci pelo São Bento também pelas transmissões de rádio, como na derrota contra o Flamengo de Zico no Maracanã e na fase final do Paulistão A-2 (2008), quando São Bento e Atlético Sorocaba foram prejudicados pelo "jogo marmelada" protagonizado por Oeste e Mogi Mirim que subiram para Série A-1. Em tempo, acompanhei entusiasmado aos jogos do Bentão pela tv (coisa inimaginável na infância): na Série A-2 pela TV Cultura (2005); na A-1 pelo Canal Sportv/Globo (2006/2007) e Rede Vida na conquista do título paulista da Série A-3 (2013). Inclusive o empate em 1 a 1, na final contra o Batatais no CIC, diante da fanática torcida, resultado somado à vitória beneditina por 3 a 1 no primeiro jogo. Outros tempos, mas "promessa é dívida"- então, falta juntar os amigos e ver o Azulão sorocabano de novo no Estádio Municipal. O São Caetano que despontou no futebol brasileiro em 2000, me desculpe, mas azulão mesmo, sempre foi o São Bento!

sábado, 31 de agosto de 2013

Suécia - no caminho do tetra


A surpreendente seleção da Suécia da Copa do Mundo de 1994, marcou o tetracampeonato da Seleção Brasileira. Foram dois confrontos nos EUA: na fase de grupos, empate em 1 a 1 (Silverdome, gols de Kennet Andersson e Romário) e na semifinal (Rose Bowl), o Brasil venceu por 1 a 0, gol solitário de Romário. Em jogo duríssimo, o baixinho artilheiro subiu para escorar de cabeça aos 35' do segundo tempo, para decepção do goleiro Ravelli e alívio nacional. A Suécia ficou em 2º lugar do Grupo B, com Brasil, Rússia e Camarões. Nas oitavas, passou por Arábia Saudita (3 a 1); nas quartas derrotou a Romênia nos penaltis (empate em 2 a 2) até chegar na semifinal contra o Brasil. Venceu a Bulgária na disputa do terceiro lugar, numa goleada por 4 a 0. Melhor ataque do mundial (15 gols), conquistado pela geração que também foi terceiro lugar na Eurocopa de 1992, com Brolin, Dahlin, K. Andersson, o cabeludo Larsson e o irreverente Ravelli.

A Suécia segue na disputa das Eliminatórias européias para a Copa de 2014, no grupo C (Alemanha/Áustria/Irlanda/Cazaquistão/Ilhas Faroé) para se manter entre as 10 maiores seleções (número de participações em Mundiais), com Ibrahimovic, craque do PSG. Entre os títulos, foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres (1948), terceiro lugar na Copa de 1950 (Brasil) e vicecampeã na Copa de 1958, onde foi país sede, derrotada por 5 a 2 no primeiro título mundial do Brasil. Nos 24 anos que separavam o tricampeonato do "é tetra, é tetra" do Brasil, os suecos ainda cruzariam o caminho do tão sonhado título da Seleção Brasileira, como na primeira fase da Copa de 1978, na Argentina. Nesse episódio, (me lembro do jogo até hoje) o Brasil teve um gol anulado quando a partida estava empatada em 1 a 1 (gol de Reinaldo). Na etapa final , aos 45'03", após cobrança de escanteio Zico marcou de cabeça, só que o árbitro da partida Clive Thomas (País de Gales) - o mesmo da partida Brasil 1 x 0 Alemanha Oriental, da Copa de 1974 - apitou "final de jogo" ainda na trajetória da bola, para frustração do galinho que mais ficou no banco, durante a Copa vencida pelos argentinos. Na Copa de 1990 (Itália), mais uma vitória canarinho: Brasil 2 x 1 Suécia (gols de Careca e Brolin) ficando os suecos apenas em 21º lugar, com a mesma seleção que disputaria a Copa de 1994 e o Brasil, precocemente eliminado pela Argentina nas oitavas-de-final.

Entre as disputas, há ainda a cor da camisa: as duas seleções tem o amarelo no 1º uniforme. A Suécia usa camisa amarela, calção azul e meias amarelas; o Brasil usa camisa amarela, calção azul (ou branco) e meias brancas (ou azuis). E mais: o segundo uniforme de ambas é azul. A Suécia usou um terceiro uniforme branco, na semifinal da Copa de 1994 contra o Brasil, com a colorida camisa do goleiro Thomas Ravelli. A arte que ilustra este texto é baseada no uniforme home (amarelo com faixas azuis) fornecida pela Adidas para a "World Cup USA'94". O escudo da Suécia é o atual (com a inscrição - Svenska FotbollFörbundet) e a tipologia da numeração dos jogadores é a Old classic numbers. Em 1978, nas mágicas partidas de futebol de botão, sempre repetia o polêmico lance do escanteio validando o gol de Zico. As vezes, anulando porque o craque não "explodia" nas Copas, como fazia jogando pelo Flamengo. Na época, botões amarelos (plásticos opacos ou cristal) eram raros, mas ganhei um time do tipo "banca de jornal" decorados com escudos do Botafogo-PB (nada a ver). A marca Gulliver lançou um time amarelo do Brasil, na série "Futebol de botão oficial" (2010), assim como a coleção do Neymar (2012) também na versão verde para a seleção.      


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Bayern de Munique - o conquistador da Europa


O supertime a ser batido é mais uma vez o Bayern de Munique, campeão da Champions League -2013, depois da semifinal avassaladora diante do poderoso Barcelona com duas goleadas, por 4 a 0 no Allianz Arena e 3 a 0 no Camp Nou. Messi no banco estava desacreditado e o time catalão não tinha reação diante do futebol dos alemães combinados à Ribéry e Robben. O Bayern conquistou o torneio de clubes da UEFA, derrotando o também alemão Borussia Dortmund por 2 a 1. Vai para o Mundial de Clubes da FIFA como favorito ao título, provavelmente, enfrentando o Atlético Mineiro, o galo campeão da Libertadores. O Bayern foi tricampeão europeu nos anos 70, derrotando Atlético de Madrid (1974), Leeds United (1975) e Saint-Etienne (1976) e ainda campeão da Copa Intercontinental (1976) enfrentando os mineiros do Cruzeiro em dois jogos: 2 a 0 (Munique) e 0 a 0 (Mineirão). Maior vencedor da Bundesliga (campeonato alemão) com 23 títulos, o time de Munique atingiu o auge de sua história com a liderança do kaiser (imperador) Franz Beckenbauer, considerado melhor jogador alemão, camisa 5 da Alemanha Ocidental, seleção campeã da Eurocopa (1972) e da Copa do Mundo (1974). O líbero Franz chegou ao clube em 1963 e jogou três Copas: em 1966 foi vicecampeão, perdendo para Inglaterra com uma "ajuda" do juiz; em 1970 foi herói da semifinal contra a Itália, ao jogar com o braço enfaixado na derrota alemã por 4 a 3; em 1974 conquistou o bicampeonato para a Alemanha (depois de 20 anos) triunfando sobre a laranja enigmática seleção da Holanda, de futebol revolucionário, mas incapaz de superar o pragmatismo alemão. Seis jogadores do Bayern estavam na conquista alemã: Beckenbauer, o goleiro Sepp Maier, o meia Breitner, o atacante Müller, além de Schwarzenbeck e Hoeness. Em 1977, Beckenbauer foi jogar no milionário New York Cosmos, ao lado de Pelé, no soccer dos Estados Unidos.


Beckenbauer com a camisa do Cosmos ao lado
de Maradona (foto: El Gráfico/1980)

O Fußball-Club Bayern München venceu 16 Copas da Alemanha. Criado em 1900, o primeiro título nacional ocorreu após 32 anos, antes da ascenção do regime nazista pelo continente, fato que levou o torneio de futebol alemão ter um campeão austríaco. Depois dos "dourados anos 70", o clube bávaro voltou a ganhar a Liga dos Campeões da UEFA (5 títulos) em 2001 diante do Valência (ESP) e a Copa Intercontinental derrotando o Boca Juniors (ARG). Seu maior goleador é Gerd Müller (447 gols) que manteve a artilharia em Copas do Mundo (14 gols) pela Alemanha Ocidental por 32 anos, até ser superado pelo brasileiro Ronaldo (15 gols). O goleiro Oliver Kahn é o jogador que mais atuou com 557 jogos. Principal clube alemão, o Bayern foi a base da seleção da Alemanha nas últimas décadas, de craques como Rummenigge, Klinsmann, Ballack, Klose, Podolski, Schweinsteiger e Lahm. O meia Zé Roberto e o zagueiro Lúcio, ex-Seleção Brasileira, se destacaram no time recentemente. Seus rivais históricos nas conquistas européias são Ajax, Real Madrid, Barcelona, Milan, além dos compatriotas Schalke 04, Bayern Leverkusen e Borussia Dortmund. A ilustração dos escudos para o futebol de mesa é baseada no uniforme home do Bayern (vermelho com três listras douradas), fornecido pela Adidas para a temporada 2011-2012, com a escalação do atual campeão europeu. Ainda falta escolher um bom botão, para o Bayern de Munique conquistar muitas vitórias sobre o outro Bayer da minha coleção, o Leverkusen da marca Crakes.

Bayern de Munique campeão (1976): Müller (de barba) em pé, atrás do goleiro
Maier com a taça e Beckenbauer (o segundo em pé à dir.) 

domingo, 30 de junho de 2013

Brasil com "s" é muito melhor! (parte 1)

A Copa das Confederações da FIFA-2013 chega ao fim com dois confrontos entre europeus e sulamericanos. Na disputa do 3º lugar (Arena Fonte Nova - Salvador), a Itália derrrotou o Uruguai nos penaltis, com grande atuação do goleiro Buffon que pegou três cobranças uruguaias. Na grande final do Maracanã, o Brasil atropelou a Espanha, atual campeã mundial (estava invicta a 29 jogos) por 3 a 0, com gol relâmpago de Fred (1'32"), Neymar (44') e Fred (48'). Quando estava 1 a 0, a Espanha perdeu o empate com uma bola salvada pelo zagueiro David Luiz (como aconteceu na Copa de 1978) e Sérgio Ramos cobrou um penalti pra fora, já no segundo tempo. Enfim, no Maracanã não rolou o toque de bola da fúria - sentiram o templo do futebol, como se ainda ecoassem os gols de Pelé, Garrincha, Rivellino, Zico, Romário... Nesta nona edição, a média de público passou dos 40 mil expectadores, sendo os jogos disputados à tarde (menos a final) sob forte calor como aconteceu na semi-final entre Espanha e Itália jogada no Castelão (Fortaleza) com temperatura perto dos 30ºC. Na maioria das sedes da Copa das Confederações-13 fez calor, mesmo no inverno brasileiro, mas na Copa-14 com o total de 12 sedes a coisa vai ser um pouco diferente. Os estádios da Copa em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre podem reeditar partidas sob temperaturas entre 5ºC e 16ºC em jogos válidos por uma Copa do Mundo disputada no Hemisfério Sul, desde o Mundial da Argentina (1978). No mesmo dia, poderemos ter jogos no Nordeste com o termômetro superando os 30ºC e no Sul caindo pra gelados 10ºC, confirmando a continentalidade do território brasileiro.

Neymar ficou com a bola de ouro (melhor jogador) e a chuteira de bronze (4 gols). A maior goleada do torneio foi Espanha 10 x 0 Taiti. A seleção representante da Oceania formada por jogadores amadores, ganhou a simpatia do público mesmo levando 24 gols em apenas três jogos. O Taiti marcou 1 gol contra a Nigéria, mas não tem chances de se classificar para a Copa-2014 no Brasil, sendo a vaga do continente decidida numa repescagem com o 4º colocado das Eliminatórias da Concacaf. Pela Ásia, já estão classificados Japão, Coréia do Sul, Irã e Austrália (não disputa pela Oceania). A seleção da Jordânia ainda está na briga: vai jogar com o Uzbequistão, onde o vencedor disputará com o 5º lugar das Eliminatórias da América do Sul a última vaga da Copa-14, totalizando 32 seleções.

A FIFA organizadora dos torneios no Brasil, também é responsável nas transmissões de tv pela cerimônia do hino do país (50s de música), pelas edições de imagens (replay) de lances de impedimento, assim como os gráficos de tempo do jogo (no formato 90 minutos) e a grafia do nome de cada país. Sempre assisti os jogos da seleção, onde o time do Brasil era escrito com "z", oficialmente pela FIFA. Se os leitores estavam atentos às transmissões, perceberam que no placar dos jogos da Copa das Confederações-13, finalmente, o nome do Brasil estava grafado com "s". E o que vai pegar na Copa-14 não é o "invencionismo" da caxirola (este instrumento de percussão é um tipo de chocalho chamado caxixi, tocado com o berimbau nos toques da capoeira, por exemplo) e sim, o vibrante Hino Nacional cantado nos estádios mesmo após o corte do áudio da cerimônia. Há tempos não cantávamos o "Ouviram do Ipiranga" com tanto verde e amarelo nos olhos, dentro e fora dos estádios de futebol. Brasil campeão, só mesmo na bola.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Grêmio: especialista em jogos de 180 min.

O Grêmio Foot Ball Porto Alegrense foi bicampeão brasileiro em 1981 e 1996, mas sua maior conquista é a Copa Intercontinental (1983) quando venceu o Hamburgo (ALE) por 2 a 1, com gols do ponta-direita Renato Gaúcho, ídolo gremista. Em 1989 foi campeão da primeira edição da Copa do Brasil, título repetido em 1994/1997/2001, sendo maior vencedor deste torneio de sistema mata-mata. Após o título da Libertadores (1983) quando venceu o Peñarol (URU), voltou a ser campeão da América em 1995, derrotando o Atlético Nacional (COL) mas perdeu a decisão do mundial de clubes para o Ajax (HOL) nos penaltis por 4 a 3. No Grêmio treinado por Luis Felipe Scolari, destacavam-se a famosa garra gaúcha, forte marcação dos volantes e atacantes com fome de gol como Paulo Nunes e Jardel, além do goleiro Danrlei. O título do Campeonato Brasileiro de 1996 foi decidido no Olímpico contra a Portuguesa de Desportos, time revelação que "quase chegou lá". O Grêmio é um dos grandes times brasileiros, de torcida fanática e alucinada, caracterizada pela cantoria e "avalanche" na arquibancada atrás do gol do tradicional Estádio Olímpico. Foi heptacampeão gaúcho de 1962-1968 e, por ser o maior rival do Internacional-RS, seu famoso patrocinador de refrigerantes teria mudado a cor da logomarca de vermelho para preto no marketing do clube. Teve seu pior momento em 2004 quando foi rebaixado para a Série B do Brasileirão com apenas nove vitórias. No ano seguinte, sob comando de Mano Menezes, venceu o jogo conhecido como a batalha dos aflitos, quando venceu o Náutico fora de casa e conseguiu o acesso para a Série A do Brasileirão. Com 36 títulos estaduais, o Grêmio disputa com o Internacional a hegemonia gaúcha, no clássico conhecido como Gre-Nal. A primeira final do clássico foi em 1961, com destaque para 13 decisões consecutivas de 1966 a 1978. Pela Libertadores da América -2013, depois de passar pela pré-fase (LDU) e fase de grupos (Fluminense, Huachipato e Caracas) foi eliminado nas oitavas de final pelo Santa Fé (COL).


Botões do Grêmio, modelo disco de plástico (fundo não cavado):
 acionamento com pouca velocidade 

No tempo dos meus "campeonatos caseiros" de botão, o Grêmio era um dos preferidos pelo modelo Gulliver (disco de plástico não cavado) que ganhava as divididas na raça e só chutava de "folha seca" para encobrir o goleiro. De difícil acionamento, com toque mais duro, esses botões precisavam de cêra no fundo, para deslizar e ganhar maior velocidade. Mais simples que os times da coleção "Futebol de Botão Gulliver" (anos 70/80) de plástico transparente chamado "cristal", este botão azul-claro do Grêmio é remanescente da minha coleção. Único com escudos originais que permaneceu, pois tive outros times desse modelo (Corinthians, São Paulo, Vasco e Flamengo) que depois de "surrados" jogando no chão, foram redecorados como o Ceará, com botão preto e escudos retrô (com as letras C-S-C). Tenho um Atlético Paranaense (botão vermelho sem escudo) decorado apenas com faixas horizontais em vermelho e preto, nome do clube (dos cartões da Loteria Esportiva), numeração tipo folhinha de calendário e escalação de recorte de jornal, tipo de botão artesanal muito comum na época, porque era difícil encontrar escudos coloridos impressos (só mesmo quem colecionava a Revista Placar, da Editora Abril). Para o Mundial da África do Sul, a marca Gulliver lançou um modelo semelhante na coleção "Futebol de Botão Oficial", com as principais seleções apresentadas em caixa de plástico, com trave grande, goleiro de caixinha (8cm x 3,5cm), bolinha pastilha e dois tamanhos de botão (cinco jogadores de 6cm e cinco de 3,5cm de diâmetro).

Do título brasileiro de 1981, quando o Grêmio venceu o São Paulo por 1 a 0, me lembro do golaço do atacante gremista Baltazar, que de fora da grande área, matou a bola no peito e de sem-pulo chutou para o gol de Valdir Peres. Pra mim, esse gol secava de vez o então goleiro da Seleção Brasileira comandada pelo técnico Telê Santana que não convocaria para a Copa da Espanha o melhor da época - Emerson Leão, goleiro do Grêmio, ex-titular absoluto do Palmeiras e da amarelinha nas Copas do Mundo de 1974 e 1978. Meus amigos sãopaulinos, pai e sobrinhos, me desculpem pois acho que vem daí minha bronca com o "salve o tricolor paulista..."


Coleção da marca Gulliver incluia botão do Grêmio,
além dos grandes times paulistas e cariocas 

sábado, 11 de maio de 2013

Atlético-MG, o primeiro campeão



Em 1971, o Clube Atlético Mineiro foi o primeiro clube campeão brasileiro, quando  o campeonato passou a ser de fato nacional, com mais representantes fora do eixo Rio-São Paulo. Desde 1959 apenas os campeões estaduais brasileiros jogavam a Taça Brasil, disputada em jogos eliminatórios até chegar-se ao campeão. Os campeonatos estaduais já estavam consagrados, havia o Torneio Rio-São Paulo, mas não um campeonato com as dimensões do Brasil. Nessa busca, a partir de 1967, o Rio-São Paulo também incluiria dois times mineiros (Cruzeiro e Atlético), dois times gaúchos (Grêmio e Internacional) e o campeão paranaense. Depois surgiram as vagas para um time da Bahia, um de Pernambuco  e, finalmente em 1971, com a participação do Ceará Sporting Club foi formado o primeiro campeonato brasileiro, como relata o jornalista Celzo Unzelte (Ediouro, 2002). Por outro lado, a Copa do Brasil iniciada em 1989 é outro torneio nacional, de jogos mata-mata, atualmente disputada por 86 clubes de todos os Estados, onde o campeão é classificado diretamente para a Libertadores. Somente em 2003, o Brasileirão passou a ser disputado por pontos corridos, sendo o campeão aquele que somar mais pontos no turno e returno, classificando os quatro primeiros colocados para a Taça Libertadores (interclubes criado em 1960).

O “galo mineiro”, chegou a quatro finais de campeonatos brasileiros, no sistema em que os times eram distribuídos em grupos, até chegarem às finais. Em 1971 foi campeão vencendo o triangular final junto com São Paulo e Botafogo-RJ. No Brasileiro de 1977, ficou com o vice na decisão contra o São Paulo em pleno Mineirão; em 1980 foi derrotado pelo Flamengo (de Zico); em 1999 perdeu novamente, para o Corinthians. Fez incríveis 19 decisões consecutivas de campeonato mineiro (de 1974 a 1990) contra o Cruzeiro, seu maior rival em Minas, vencendo 11 campeonatos no período, dos quais um histórico hexacampeonato (1978-1983). Possui 42 títulos estaduais sendo o maior campeão mineiro, além de duas Copas Conmebol (1992/1997). No Brasileirão-2005 ficou em 20º lugar, rebaixado para a Série B, assim como aconteceu nos últimos anos com os campeões brasileiros Botafogo-RJ, Vasco da Gama, Grêmio, Palmeiras, Corinthians, Coritiba, Atlético-PR, Bahia e Sport. É o atual campeão da Libertadores-2013, título inédito conquistado nos penaltis contra o Olimpia (PAR), depois de perder o primeiro jogo por 2 a 0 em Assuncão.

 
Meu time de botão do Atlético-MG (Gulliver Cristal) é da fase gloriosa dos anos 1970, onde jogadores como Reinaldo, Luisinho, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Éder, eram protagonistas das jogadas no futebol de mesa. “Rei, rei, rei, Reinaldo é nosso rei”, era o grito da torcida alvinegra para o maior ídolo e artilheiro do clube (255 gols). Sempre o botão do galo disputava partidas emocionantes no Xalingão (campo pequeno de mesa, de cor verde-escuro) com muitos dribles, chutes de folha-seca, e muita força nas divididas, por ser mais encorpado que os outros tipos de botão. Talvez isso acontecesse pela “mágica de jogar sozinho”, de decidir aleatoriamente os resultados, ou mesmo, pelo peso da camisa (no caso, do escudo!). Como disse no post do Corinthians, esses times da Gulliver Cristal eram bem lentos e pesados – mas o do Atlético não!

No Brasileirão-2012 foi segundo colocado (20 vitórias, 64 gols), excelente fase que se extende a classificação na Libertadores-2013 como melhor primeiro lugar da fase de grupos, eliminando o tricampeão São Paulo. Até o momento, o confronto do ano é mesmo Atlético-MG x São Paulo. Em quatro partidas os mineiros comandados por Ronaldinho Gaúcho venceram três vezes o tricolor de Rogério Ceni, maior goleiro da história do clube do Morumbi. Após o retorno ao Brasil pelo Flamengo, Ronaldinho jogando em grande fase, “arquitetou” a eliminação sãopaulina em lances que misturam a malícia “de beber água de Rogério Ceni na pequena área”, passes milimétricos, dribles desconcertantes de quem já foi o melhor do mundo (pelo Barcelona em 2004/2005), até fechar com um chocolate na vitória de 4 a 1 no Estádio Independência. Vale jogar uma partida de botão com direito à arte dos escudos desenhada com a foto de Ronaldinho, atual ídolo atleticano. E por que não, um bom goleiro (caixinha oficial) do Vitor, herói da conquista da Libertadores-2013, pegando penaltis contra o Tijuana, Newells e Olimpia. 

Futebol de botão Gulliver Cristal: destaque para o 9 do artilheiro Reinaldo

terça-feira, 30 de abril de 2013

Espanha Copa 2006, o retorno da fúria

Futebol de botão da Gulliver "Germany 2006" com pintura perolada 

A ESPANHA entra na briga pelo título da Copa das Confederações da FIFA-2013, vaga conquistada por ser a atual campeã mundial (2010). A forte equipe espanhola também conhecida por fúria, manteve grande parte do elenco bicampeão da Eurocopa (2008/2012) para chegar como favorita ao torneio que começa em 15 de junho na Arena Brasília, com o jogo Brasil x Japão. A estréia da seleção espanhola é contra o Uruguai, em 16 de junho, na novíssima Arena Pernambuco, no grupo B que ainda tem as seleções da Nigéria e do Taiti. Em 2009, na última Copa das Confederações, a Espanha perdeu a semi-final para os Estados Unidos, frustando a expectativa de uma grande final contra o Brasil. No entanto, carimbou o favoritismo na Copa de 2010, na África do Sul, derrotando a Holanda, eterna vicecampeã, não só pelo conjunto do time que jogava com muita posse de bola, mas por jogadores como Puyol, Piqué, Xavi, Iniesta, Fàbregas e Villa (maior artilheiro com 53 gols). É a primeira colocada no ranking da FIFA, performance da atual "geração de ouro" espanhola, iniciada na Copa de 2006, na Alemanha, onde foi eliminada pela França nas oitavas.

O estilo de jogo da Espanha é agressivo desde o momento em que o adversário começa jogar, daí a forte marcação do meio-campo pra frente para tomar a posse de bola e conseguir chegar ao último passe, depois de um "insuportável" toque de bola. A fúria não "rifa" nenhuma bola, não dá chutão pra frente, ao contrário, os zagueiros saem pra jogar com qualidade, os alas não fazem chuveirinho na área e os atacantes recebem a bola na cara do gol. É a seleção a ser batida no futebol mundial, que tem como base o Real Madrid e o Barcelona. Aliás, vendo a Espanha jogar, parece um Barça sem o argentino Messi. Na Copa-14, nem mesmo o Brasil jogando em casa, nem a Itália "mordida" com os 4 a 0 na final da Euro-12, nem a Argentina do Papa, do melhor do mundo e de la mano de Dios, podem parar a Espanha. Talvez os alemães? Especialistas em desconstruir esquemas táticos de grandes seleções como a Hungria de Puskas (1954), a Holanda de Cruyff (1974) e a Argentina de Maradona (1990), a Alemanha com seu futebol pragmático pode anular a bola dos espanhóis. Só não conseguiu evitar o penta do Brasil em 2002 com dois gols de Ronaldo "fenômeno" na conquista da quinta estrela.

Em Mundiais, o penúltimo confronto entre Brasil e Espanha foi na Copa de 1978, na Argentina, fase de grupos. Um típico zero à zero de futebol truncado, sem brilho, capaz de arrancar nachos de grama do estádio de Mar del Plata. Além disso, o quê lembro da partida (assisti na casa de um amigo de ginásio) foi o lance de gol dos espanhóis salvo por Amaral (ex-beck do Guarani-SP) debaixo do gol de Leão. Outro jogo importante foi na Copa de 1962, no Chile, na campanha do bicampeonato com vitória por 2 a 1, gols de Amarildo (substituto de Pelé). Meu time de botão da Espanha é um Gulliver da série "FIFA World Cup Germany-2006", de plástico vermelho perolado, com adesivos das bandeiras dos países. O goleiro original foi substituído por caixa de fósforos (tipo grande), mais ágeis para defender a bolinha. Como o brasão das armas da bandeira da Espanha é muito semelhante ao escudo da seleção, mantive o botão todo original da Gulliver. Único ponto negativo dos modelos atuais da Gulliver é a bolinha, em formato de disco, que ao tocá-la fica em pé rodando, dificultando o domínio das jogadas. Nos jogos antigos da marca, a bolinha não fazia curvas, pois o disco não tinha angulação nas laterais. Neste exemplar, só falta mesmo colocar a numeração dos jogadores que ficaria bem legal, se fosse decalcável como nas antigas cartelas de Letraset, algo inimaginável na época que comecei minha coleção, pois fazíamos os números à partir de folhinhas de calendário. Hoje em dia, desenho os escudos no Illustrator, escolho a fonte das letras, quase sempre réplicas das famosas marcas de material esportivo e imprimo a arte rapidamente.

Cartela de placa de isopor para acondicionar os botões da Espanha (Gulliver),
com goleiro feito de caixa de fósforos.

sábado, 13 de abril de 2013

México - "figurinha repetida" das Copas


O México disputa as eliminatórias para a Copa do Mundo pela CONCACAF (América do Norte, Central e Caribe) e está no hexagonal-final com Panamá, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras e Jamaica. Para a Copa-2014 classificam-se três seleções diretamente, mais uma vaga na repescagem. A seleção mexicana é a atual campeã da Copa Ouro (2011) e vai jogar a Copa das Confederações da FIFA-2013, evento teste para seis novos estádios no Brasil: Fonte Nova, Maracanã, Mineirão, Brasília, Castelão e Arena Pernambuco. Sua maior conquista está ligada ao Torneio Olímpico de Futebol, onde conseguiu a medalha de ouro em Londres-2012, derrotando a seleção brasileira que já acumula três pratas em Olimpíadas. O México foi campeão da Copa das Confederações da FIFA-1999 e possui seis títulos da Copa Ouro da CONCACAF. Participa da Copa América desde 1993 com dois vicecampeonatos (1993/2001).
É o quinto país em Copas do Mundo com 14 participações, incluindo uma como país convidado (1930) e duas como país-sede (1970/1986), superando a vicecampeã Suécia e o bicampeão Uruguai ambas com 12, assim como os campeões Espanha, França e Inglaterra, todos com 13 mundias (veja gráfico). Mesmo se classificando para a Copa do Mundo-2014 no Brasil, não mudará sua posição no ranking de participações, pois na quarta colocação está a Argentina. Com o Brasil já classificado (recordista com 20 Copas) a Argentina bicampeã mundial com 15 Copas, deve ficar com uma das quatro vagas das Eliminatórias Sulamericanas, restando ainda a 5ª vaga na repescagem com a Oceania, como aconteceu na Copa de 1994. Nas estatísticas, o México só perde o quinto lugar se não passar nas eliminatórias e as seleções da França, Espanha ou Inglaterra se classificarem pelas vagas da Europa. Sempre uma "quase" força nas Copas do Mundo, a melhor colocação do México foi o 6º lugar por duas vezes, exatamente, quando foi país-sede nos mundias de 1970 (Itália 4 x 1 México) e 1986 (Alemanha Ocidental 0 x 0 México; penaltis 4 x 1). No entanto, também possui a pior colocação da história das Copas, quando foi último lugar por três vezes em 1930/1958/1978. O México é a única seleção não-finalista (nunca passou das quartas-de-final) entre os “top 10 das Copas” que reúne as oito equipes campeãs, talvez pela hegemonia da seleção na CONCACAF, seguido pelos Estados Unidos com nove participações em mundias.
A cartela dos escudos de futebol de botão que desenhei foi baseada no uniforme home da Adidas, com detalhe das três listras das mangas em vermelho, usado pelo México na Copa de 2010, como também aparece no 2º uniforme black. Não fiz a escalação dos aztecas que jogam basicamente no esquema 4-4-2, com velocidade e força na marcação. Fica o destaque para o número 14 usado por "Chicharrito" Hernandez, craque do Manchester United e 10 para o brasileiro Giovani dos Santos. No botão, ficaria bem competitivo se adesivado nos times da Gulliver ou nas lendárias "lentes de relógio", leves e que encobrem facilmente o goleiro.

 

domingo, 10 de março de 2013

Itália - 2009


Caros leitores, continuando a série dos times que vão jogar a Copa das Confederações 2013 da FIFA, apresento a ITÁLIA representante da Europa por ter sido a vicecampeã em 2012, não repetindo o título de 1968. A seleção italiana está no grupo do Brasil, México e Japão. A arte da Itália é baseada nas cores do uniforme home 2009 da Puma que foi usado na última Copa das Confederações da África do Sul em 2009. O azul ciano claro e o branco são as cores básicas, porém há uma versão marrom para o calção. Os escudos combinam com o botão azul da marca Gulliver que lançou em 2010 a série "Futebol de Botão Oficial", muito semelhante ao seu modelo "disco" de plástico dos anos 1970, porém, com dois tamanhos de botão, goleiro de caixinha e trave nos padrões oficiais. A cor tradicional do uniforme da Itália é o azul, em homenagem à realeza dos Savóia que unificou o país no século 19. O emblema da FIFA World Champion 2006 marca o tetracampeonato conquistado na Copa da Alemanha - 2006 (depois de 24 anos do tri - idêntico ao Brasil!), quando a squadra azurra derrotou a França. Seria mais atual colocar a Espanha campeã mundial em 2010 com o emblema da FIFA, mas vou mostrar a seleção da fúria com o botão original da Gulliver, série "FIFA World Cup Germany 2006" que está na minha coleção. Fiz uma escalação da Itália mantendo nomes importantes da geração 2006-2010, como Buffon, Canavarro, Zambrota, Pirlo e Balloteli - atacante de origem ganesa que foi destaque da Euro-2012. O maior artilheiro da seleção italiana é Luigi Riva (35 gols) que jogou a final contra o Brasil em 1970. Outros goleadores foram "Totó" Schillaci (6 gols na Copa da Itália - 1990); Del Piero, Roberto Baggio e Paulo Rossi (todos com 27 gols). Rossi chamado de "il bambino d'oro" marcou três gols contra o Brasil na Copa da Espanha - 1982. Quatro anos antes na Argentina, os italianos formariam a base do time tricampeão de 82, que eliminou a melhor seleção brasileira que vi jogar, comandada por Júnior, Falcão, Sócrates e Zico. Não foi à toa: com o placar de 2 a 2 o Brasil se classificaria, mas o "futebol arte" do técnico Telê Santana atacava a perigosa equipe italiana que logo marcou o terceiro gol. Contra o Brasil foram grandes confrontos envolvendo disputas de títulos como na Copa de 1970 (México) e na Copa de 1994 (Estados Unidos) assim como no Torneio do Bicentenário da Independência dos EUA (1976) com o mesmo placar emblemático de 4 a 1 para o Brasil, com gol de Zico. Ainda houve a disputa do terceiro lugar na Copa de 1978 (Argentina) onde o Brasil ganhou por 2 a 1 e ficou conhecido como campeão moral do torneio, pois a Argentina chegou à final em casa depois de "golear" o Peru por 6 a 0 na segunda fase. Se a final de 2006 ficou marcada pela expulsão do francês Zidane após a cabeçada no peito de Materazzi, para a Itália o título também espantou o fantasma das disputas de penaltis como em 94 contra o Brasil. Enquanto ficamos à espera de mais uma possível decisão Itália x Brasil nos gramados, no futebol de botão pode ter chegado a hora de Brasil x Argentina na final. Claro, pois poderíamos validar aquele gol de cabeça do Zico no jogo Brasil 1 x 1 Suécia na 1ª fase da Copa de 1978, quando o juiz apitou o final da partida antes da bola entrar. Com a vitória, o Brasil poderia pegar los hermanos na decisão. Mas isso é outra grande história...só no botão mesmo!


A Itália no jogo contra a Argentina na Copa de 1982:
em pé: Zoff, Antognoni, Scirea, Graziani, Collovati e Gentile;
Rossi, Conti, Cabrini, Oriali e Tardelli. (autor: El Gráfico - 1982)

 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O São Paulo antes da Libertadores


Seis times brasileiros estão na disputa da Copa Libertadores da América - 2013 entre eles o tricampeão São Paulo Futebol Clube que está no grupo 3 do Atlético-MG. Com seis títulos nacionais, seria o maior vencedor do Campeonato Brasileiro que começou a ser disputado em 1971. E foi até 2010, quando a CBF unificou os títulos nacionais conquistados anteriormente, caso das edições da Taça Brasil e Taça de Prata, campeoanatos com menos equipes e sem a divisão em séries do atual brasileiro. Com isso, Palmeiras e Santos, ambos com oito conquistas estão na ponta dos maiores campeões do Brasil. Ainda em 2010, o tricolor paulista ganhou o direito da chamada “taça das bolinhas”, troféu do Campeonato Brasileiro que seria entregue definitivamente ao primeiro pentacampeão. O São Paulo fundado em 1930-35, de fato, somou antes as cinco conquistas (1977/1986/1991/2006/2007/2008), mas o Flamengo e a CBF criaram a tal polêmica, pois o mengão considera seu o título da Copa União (1987), organizada por 13 clubes tradicionais e depois chamado de módulo Verde. Na ocasião, o time carioca recusou-se a jogar a finalíssima contra o Sport Club Recife, campeão do módulo Amarelo, organizada pela CBF com outros times considerados da 1ª divisão, como o Guarani-SP.
Não vou falar das conquistas das Libertadores (1992/1993/2005) e também dos três Mundiais (que assisti contra minha vontade!) porque devo destacar o primeiro título brasileiro de 1977, vencendo o Atlético-MG em pleno Mineirão. Este é mais um episódio dos tempos do jogo de botão com os amigos (sim, eu tinha um amigo são-paulino!) e do futebol de rua (com golzinho livre, aquele feito de chinelo ou tijolo). Não lembro se assisti a final na minha tv General Eletric preto & branco ou se na Philips colorida do meu primo são-paulino. Meu nome Leonidas vem do meu pai, são-paulino não-praticante, mas que também me levava ao estádio, como na inauguração do CIC “Walter Ribeiro”, em Sorocaba, quando o São Bento perdeu por 1 a 0 para o São Paulo debaixo de muita chuva. Décadas antes, o atacante Leônidas da Silva (ex-Flamengo) - o "diamante negro" e seu gol de bicicleta - foi a grande contratação do São Paulo em 1942, resultando nas conquistas dos títulos paulistas de 1943, 1945/1946 e 1948/1949 que elevou o tricolor do Morumbi ao lado dos consagrados Palmeiras e Corinthians.
Na década de 70 o time tricolor ficou com o vice do Brasileiro de 1971 e, já flertava com a Taça Libertadores em 1974, quando perdeu a final para o Independiente da Argentina por 1 a 0. Até chegar ao título inédito do Campeonato Brasileiro de 1977 (disputado por 62 clubes divididos em grupos) cuja final aconteceu em 5 de março de 1978. Esta foi a primeira decisão de título disputada nos penaltis, (0 a 0 no jogo) também marcada por um pisão do volante Chicão no atleticano Angelo, depois que o jogador já estava se arrastando após sofrer um carrinho. Jogando sempre com muita raça no São Paulo e na Seleção Brasileira, Chicão foi escalado pelo técnico Cláudio Coutinho na Copa de 1978 no jogo contra a Argentina, anulando os craques Kempes e Ardiles. O meu time de botão do São Paulo é da marca Estrela, vermelho, modelo panelinha com escudos, que está na minha coleção desde 1980. Antes tinha um São Paulo da Gulliver, de plástico, que de tão surrado virou outro time (Ferroviária-SP, com escudos desenhados à mão livre). Tive outro do São Paulo também da Estrela, com as carinhas dos jogadores, (jogava muito no chão da sala) mas infelizmente desapareceu antes de iniciar minha coleção. O time tinha as fotos dos uruguaios Pedro Rocha, Forlán, do ponta-esquerda Paraná (ex-São Bento), Gérson , Mirandinha e do goleiro Sérgio. Na jogabilidade, os botões da Estrela se destacam pela leveza do plástico fino que produz um “estalo” característico quando acionado pela batedeira. A marca encerrou sua produção de futebol de botão justamente com a série dos clubes com distintivos, como este "em ótimo estado" do São Paulo.
Fotos final Brasileiro de 1977


Os botões do São Paulo com os distintivos: fim da produção da Estrela na década de 70 
 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Uruguai - Copa 2010

 
Caros leitores, estou começando a série dos times que vão jogar a Copa das Confederações 2013 da FIFA, evento teste para a Copa de 2014 no Brasil. O Uruguai foi escolhido como representante da América do Sul, como campeão da Copa América (2011) realizada na Argentina, onde o Brasil foi eliminado pelo Paraguai nos penaltis, errando as cinco cobranças. A "celeste olímpica" (bicampeã de futebol nas Olimpíadas de Paris 1924 e Amsterdã 1928) vai se juntar a Espanha, atual campeã mundial e da Eurocopa 2012, Taiti, representante da Oceania, mais o campeão africano (Copa Africana de Nações 2013). O grupo do Brasil, classificado por ser a próxima sede do Mundial, vai ter a Itália (vicecampeã da Euro 2012), México (Concacaf) e o Japão pela Ásia. A arte do Uruguai é baseada nas cores do uniforme home 2010 da Puma, com algumas estilizações, sendo meu primeiro desenho desta fase do blog, feito ainda no software FreeHand 11 (aprendi muito com meu amigo Gerson Mora). Meu time é bastante ofensivo, escalado com tres atacantes, com Forlán - melhor jogador do Mundial da África do Sul - Loco Abreu (ex-Botafogo/RJ) que protagonizou uma cavadinha no último penalti das quartas-de-final contra Gana. Vale lembrar que o Uruguai ressurgiu como força na Copa de 2010 com algumas coincidências: foi derrotada pela Holanda (Grupo C em 1974), terminando em 4º lugar, mesma posição da Copa de 1970 onde também perdeu para a Alemanha (Ocidental). E não pára por aí: o Uruguai (campeão em 1930/1950) foi uma grande potência do futebol até o Mundial do México'70, perdendo a chance de disputar o tricampeonato, justamente para o Brasil (bicampeão em 1958/1962) que venceu a Itália (bicampeã em 1934/1938) ficando definitamente com a Taça Jules Rimet, até ser roubada em 1983. A Gulliver lançou em 2006, na série "FIFA World Cup Germany 2006", um botão azul celeste da Argentina que combina com os escudos do Uruguai. Quando comprei este botão, pensei em decorar com escudos da seleção uruguaia que ficou de fora da série da Gulliver. Esses times de seleções vem com adesivos da bandeira do país, o que acho, particularmente, muito chato para os botonistas, pois lembro bem dos emocionantes Gulliver anos 80 com os escudos das seleções.

Botões azul celeste (Argentina) da Gulliver: cores peroladas para as seleções
Cartela da coleção de Futebol de Botão da Gulliver "Germany 2006"

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O botão branco do Fluminense

 
Botões da Estrela: mais leves e rápidos
O Brasileirão de 2012 consagrou mais um time como tetracampeão, desta vez o tricolor das Laranjeiras, o Fluminense Footboll Club de torcedores ilustres como Chico Buarque, Jô Soares e o jornalista/dramaturgo Nelson Rodrigues. Título somente possível depois que a CBF em 2010 passou a reconhecer os campeonatos nacionais anteriores à 1971 (ano do primeiro Campeonato Brasileiro vencido pelo Atlético/MG), deste modo, o título de 1970 da Taça de Prata foi somado ao tricampeonato do Flu – 1984/2010/2012. Como havia comentado no post anterior (“O meu time do Corinthians era VERDE”) o Fluminense do meia Rivellino chamado de “máquina tricolor”, chegou perto da final do Brasileiro em 1976, eliminado na semifinal contra o Corinthians, na chamada “invasão do Maracanã”, com um público inimaginável nos dias atuais, cerca de 146 mil pessoas. Na outra semi o Internacional/RS venceria o Atlético/MG, numa disputa marcada pelo gol espetacular de Falcão, depois da tabelinha de cabeça e chute de bate-pronto na entrada da área. Naquele ano, o sensacional time do Internacional seria o segundo bicampeão nacional, vencendo o Corinthians que estava na fila de títulos. Assisti aos dois jogos na casa de meus primos mais velhos: o da semifinal no Maracanã e o segundo jogo da final no Beira-Rio, minha primeira lembrança dos grandes jogos que vi na tv colorida, com uma grande cobertura da mídia. A expectativa era enorme, pois as notícias vinham principalmente pelo jornal, rádio e tv. Jornais como A Gazeta Esportiva, Jornal da Tarde e a revista Placar eram verdadeiros arquivos de resultados, escalação, fotos de jogadores e escudinhos para os times de futebol de botão. Naquele tempo, esperava-se anciosamente o jornal sair na banca com notícias “quentes” do dia anterior (fato normal no jornalismo até o surgimento da internet na década de 90). As transmissões de futebol ao vivo na tv eram raras, muitas vezes, assistia somente o vt dos jogos na TV Cultura (canal 2) no domingo à noite, narrados por José Carlos Cicarelli e Luiz Noriega (morto em dez/2012). Ou então, acompanhava os resultados dos jogos com a “Loteria Esportiva” divulgada pela zebrinha do programa Fantástico. Enfim, os anos 1970 marcaram o fim da “época de ouro” do futebol brasileiro, sem internet, celular ou qualquer dispositivo do tipo personal computer para acompanhar as notícias do futebol e os jogos da rodada.

“Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos.” (Nelson Rodrigues)

E o Galvão gritou de novo: “olha o gol, olha o gol!”

O primeiro título brasileiro veio em 1984 contra o rival Vasco, com gol do paraguaio Romerito no primeiro jogo e empate em 0 a 0 no segundo. Em 2008 em grandes jogos, o tricolor das Laranjeiras venceu o Boca Juniors por 3 a 1 pela semifinal da Libertadores, no Maracanâ, que foi palco da final perdida para a LDU do Equador. Em 2010 sagrou-se campeão brasileiro vencendo o Guarani por 1 a 0, no Engenhão. Já em 2012, o Fluminense foi tetracampeão brasileiro com duas rodadas de antecedência, simplesmente em cima do Palmeiras, rebaixado para Série B. O principal narrador da Globo que ultimamente só fazia jogos da Seleção Brasileira, depois das Olimpíadas de Londres 2012, voltou a fazer jogos do Brasileirão, do Palmeiras ameaçado pelo rebaixamento e do Fluminense candidato ao título. E ele usou sua atual marca das narrações: “olho o gol, olho o gol”, justamente contra o Verdão (que sacanagem!), além de um discreto “é tetra” no final da partida. Nos últimos anos o Fluzão voltou a usar o uniforme home tricolor (listrado nas cores verde, grená e branco) com design muito semelhante ao da dédada de 70, e a camisa branca que seria o segundo uniforme, vem sendo pouco utilizada. Já foi usado o grená como 3º uniforme, mas o branco é mesmo um uniforme reserva. Os times de botão da marca Estrela, modelo “panelinha”, reinavam nos anos 1970, com as famosas “carinhas” dos jogadores (que pouco trocavam de clubes) e os escudos retrô, cujo botão branco do Flu eu tenho na minha coleção. Os botões para o Fluminense da marca Gulliver, em geral, são verdes, tanto os de plástico como os de acrílico. Os da marca Canindé, com o slogan “o único em acrílico” eram transparentes. Para o Vasco e o Botafogo, a Estrela e a Gulliver usavam o preto e para o Flamengo, o vermelho. Não lembro de ver outras marcas que usassem o branco como cor principal para o Fluminense e, sendo este um original, é uma raridade. Um verdadeiro “álbum branco dos Beatles”.


Botões do Fluminense da marca Estrela: brancos com escudo retrô (1979)